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           Professor Júnior Facchina

 

Graduado pela Faculdade de Ed. Física de Volta Redonda - UNIFOA
Pós Graduado em Treinamento de força pela Universidade Gama Filho, RJ
Personal Trainer, habilitado pela Escola International School of Sports Nutrition and Human Performance - EUA.

MIOSTATINA: MODULADORA DO CRESCIMENTO MUSCULAR

Quem nunca ouviu dizer a expressão: “fulano tem genética privilegiada”.
Atualmente a ciência do esporte confirma e respalda isso.
Em 1997, Mc Pherron e Lee publicaram a descoberta de um novo membro da superfamília de fatores do crescimento TGF-β, chamado de GDF-8 ou miostatina.
A miostatina é uma proteína que exerce um potente efeito inibitório sobre o crescimento e desenvolvimento do músculo esquelético.
Ainda não se sabe ao certo o mecanismo de atuação da miostatina. Especula-se 3 possibilidades: indução da morte das células musculares, inibição da proliferação de células satélites (células de reparo) e/ou diretamente no metabolismo protéico.
Diversas experimentações em animais mostram seu efeito inibitório no crescimento e diferenciação muscular, demonstrando que os animais nos quais a expressão gênica da miostatina foi inibida, apresentaram grandes incrementos na massa muscular (Dominique,2006). Animais que possuem mutações genéticas naturais, como a raça de gado Belgian Blue, apresentam um aumento de 20 a 25% na massa muscular e uma menor quantidade de gordura intramuscular.

Em humanos, esta poderia ser a explicação de como o fator genético determina a composição corporal de cada indivíduo, teorizando que pessoas com maior atividade de miostatina teriam dificuldade em ganhar massa muscular.
Alguns estudos também verificaram maiores atividades da miostatina em indivíduos que passam longos períodos de imobilização em leitos (Reardon et al,2001), portadores do vírus HIV (Gonzalez-Cadavid et al,1998) e idosos (Marcell et al, 2001). Portanto, estes indivíduos se beneficiariam de terapias que inibissem a ação da miostatina. Já existem estudos em andamento, utilizando estratégias farmacológicas de inibição em seres humanos portadores de distrofia muscular.
O objetivo deste artigo, no entanto, é apresentar como terapia alternativa o efeito do treinamento de força sobre o comportamento do gene da miostatina.

 

Influência do Treinamento de Força

O treinamento de força é conhecido por induzir a hipertrofia do músculo esquelético e por aumentar a capacidade de gerar força (Kraemer,2002).
Considerando isso, seria de se presumir que o mesmo de alguma forma, pudesse interferir na expressão/atividade da miostatina. Além disso, também existe a possibilidade deste tipo de exercício modular a expressão/atividade de proteínas relacionadas à ação da miostatina, tais como Activina II B e alguns inibidores endógenos, como a folistatina (Hill,2002).
Um estudo recente, (Willoughby,2004) mostrou que o conteúdo de miostatina no músculo e no plasma estavam significativamente aumentados após 6 a 12 semanas de exercícios de força, realizados 3 x por semana (3 séries de 6 a 8 repetições a 85-90% de 1RM) no leg press, extensão de joelho e flexão do joelho. Porém, o conteúdo de antagonista da miostatina no soro sanguíneo estava 127% aumentado, enquanto a expressão de seu receptor encontrava-se reduzida.
Uma possível explicação para o aumento da miostatina neste estudo, pode ser a afinidade com o cortisol, que apresenta maior secreção durante o exercício de força. A elevação deste hormônio poderia acionar a transcrição do gene da miostatina. Mesmo com o conteúdo de miostatina aumentado, a força e a massa muscular da coxa estavam com os valores maiores do que os observados no grupo controle, confirmando a eficiência do treinamento em promover hipertrofia e aumento de força.
Portanto, a miostatina além de seu receptor (Act IIB), precisa da neutralização de seus antagonistas (folistatina) para promover a inibição do crescimento muscular.

Conclusão

Os poucos estudos disponíveis apontam que o estímulo do exercício de força é capaz de amenizar a expressão atividade da miostatina. Além disso, existe um grande interesse por parte da comunidade científica na inibição farmacológica da miostatina, pois trará benefícios a portadores de distrofia muscular, HIV e idosos.
Por outro lado, profissionais envolvidos com o esporte e estética, procuram uma maneira de obter vantagem para melhoria de performance. E aí entra a questão ética: a engenharia genética, através da manipulação dos genes, poderia num futuro próximo produzir super-atletas com habilidade e força inimagináveis?
Talvez. Quem sabe?
E como evitar esse doping genético?
Cabe as agências anti-doping produzirem um método de identificação para este tipo de artifício. É a eterna luta entre cão e gato.
Bons treinos a todos e que Deus os abençoe.

 


Referências:

 Aoki, Marcelo Saldanha. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, vol 7, nº 1,2008.
2) Ide, Bernardo Neme. Fundamentos do Treinamento de Força, Potência e Hipertrofia nos Esportes. Phorte Editora,2008.

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